Um conto de Dead By Daylight
Kelly corria
sem fôlego pelos corredores do prédio abandonado. Quase não puxava o ar. O
desespero já tinha sido bem maior quando ela percebeu o que estava a
perseguindo. Tinha combinado com os outros que ela encontraria o jeito de
atrair o monstro para que conseguissem terminar a missão. Ela não entendia
porque havia sido escolhida e nem como tinha sido transportada para aquele
lugar decrépito com fedor de morte em cada canto e demorou para entender de uma
vez por todas que o vulto nos milhares de espelhos espalhados pelo local estava
ali para sacrificá-los em um ritual macabro de magia negra.
Enquanto reunia o pouco de coragem que lhe
restava, observando cautelosamente os cômodos escuros cheios de tralhas, ela
percebeu que o único espelho ali estava virado para a porta, ao lado de uma
janela aberta que dava para uma piscina vazia. Era o local perfeito para fazer
a coisa mais estúpida do mundo. Ela se aproximou no espelho, prendendo a
respiração ruidosa. Não tinha escutado gritos, logo os companheiros estavam
vivos. Ainda. O espelho era quase de seu tamanho, como todos os outros
encontrados no local. Estava manchado com sangue seco, talvez de antigas
vítimas. Quantas já deveriam ter passado por ali e mirado seu próprio reflexo
por alguns segundos antes que os olhos do demônio espreitassem de volta?
Sem abrir
espaço para mais medo, Kelly sentiu o coração disparar. O espelho começou a
escurecer seu reflexo, como se uma névoa infernal tomasse conta e ela não
aguentou. O grito cortou a noite. Ele já sabia onde ela estava. Era só uma
questão de segundos.
***
Robert saiu
silenciosamente da cabine em que estava escondido quando escutou o eco de um
grito. Será que a coisa tinha conseguido pegar Kelly? Ele não poderia
ficar ali parado pensando mais sobre isso. Precisava sair vivo daquela
situação. A máquina jazia no lado esquerdo da cabana, de frente para um enorme
espelho grosso. Era arriscado demais, mas ele não tinha muita alternativa. Os
outros estavam se sacrificando para que ele conseguisse consertar aquilo o mais
depressa possível. Passou pelo espelho sem olhar seu reflexo, Ele descobriu que
se não olhasse para o espelho, o espelho não olharia de volta. Isso não
impediria que o monstro assassino adentrasse naquele momento e o agarrasse com
muita força, prometendo horrores de tortura e sofrimento. Ele já tinha sido
pego uma vez, não poderia mais – não tinha mais energia vital – para sobreviver
outra daquelas. Se não fosse Roger e Kelly, ele estaria indo para o covil da
criatura, ser devorado aos poucos, pendurado como uma carne fresca em um
abatedouro. O sangue drenado para o banquete final.
Mais um pouco
e aquele gerador estaria pronto. Restaria apenas um e ninguém tinha morrido.
Ainda.
***
Demorou para
entender que o realmente estava acontecendo. Até cair a ficha, Laquanda passou
o dia todo tentando abrir os portões de saída e entrada naquele cenário de
horror. Quando todos acordaram pela manhã, não passava de um lugar abandonado,
esquecido pela vida e cheio armadilhas estranhas, espelhos e uma presença
sinistra que fazia os pelos arrepiarem. Não demorou muito para que ela conhecesse
os outros confinados. Roger, um nerd gordo, Kelly, uma ginasta olímpica e
Robert, um mecânico dessas oficinas de beira de esquina. Cada um deles foi
muito importante para descobrir o que estavam fazendo naquele local estranho e
porque todo mundo sentia como se algo os espreitasse de vez em quando.
Juntos eles
fizeram uma varredura no local. Não era um espaço muito grande. Dava para ver
bem de todos os quatro cantos as muralhas altas, grossas e escorregadias que
cercava o local. Elas acabavam em dois grandes portões que tinham uma abertura
eletrônica. Desligada. Robert e Roger notaram que o local inteiro possuía fios
subterrâneos e câmeras por todos os lugares. Tudo desligado. Foi assim até o
anoitecer, quando uma névoa densa começou a se espalhar pelo ambiente e tornou
tudo mais desagradável do que já era. Contudo, Roger percebeu: As câmeras
ligaram, mas os portões continuavam fechados, ligados pelos fios até geradores
espalhados pelo lugar. Robert, como era mecânico, descobriu que eles estavam
inteiros, apenas desmontados de forma planejada. Ele reuniu as porcas e
parafusos, ligou os fios e ensinou todo mundo a fazer aquilo funcionar.
Laquanda, que não era muito boa em quase nada, ligou um fio com outro que não
deveria. O estrondo assustou todo mundo. E foi aí que tudo começou...
***
Kelly
corria pelo prédio com o demônio em seu encalço. Ela não conseguiu conter o
grito quando ele se aproximou e atravessou o espelho como se ele fosse água.
Ela não entendia como ele conseguia enxergá-la, visto que não havia olhos,
apenas uma cavidade oca e sangrenta com um odor nauseante. Mesmo assim a cabeça
se virava na direção e o monstro perseguia implacavelmente. Kelly saltava as
janelas e tralhas que apareciam pela frente. O monstro, contudo, não tinha essa
habilidade e acabava tendo que contornar os obstáculos, dando tempo a ela.
Com todas as
dicas de Roger em mente, a ginasta sabia que não poderia ficar muito tempo
correndo dele, porque ele acelerava gradualmente à medida que perseguia. A
segunda dica foi que ele conseguia – de alguma forma – usar os espelhos como
transporte. Se olhassem para o reflexo no espelho ele saberia. Laquanda teve a
brilhante a ideia de quebrar um dos espelhos e isso foi a pior coisa que ela
poderia ter feito. A criatura ficou repleta de cacos de vidro encravadas na
pele e ainda mais assustadora. Quando Robert foi pego pela criatura consertando
mais um dos geradores, Roger e Kelly tentaram chamar atenção do monstro para
que ele escapasse e os cacos de vidro tornaram tudo mais difícil. Robert somente
escapou porque Roger, corajoso, se colocou na frente da criatura, mirando uma
lanterna que tinha encontrado no meio da bagunça. Conseguiram escapar por
pouco...
***
A escuridão
avançava pela madrugada e a criatura estava começando a temer, pela primeira
vez, os sussurros da Entidade. Apesar de conseguir rastrear os rostos de quem
espreitou o próprio reflexo pelos espelhos malditos, o Atormentador não estava
lidando com um grupo de presas comum. Esses eram diferentes, eles eram mais espertos
e habilidosos. Não era a primeira vez que ele havia sido convocado para mais
uma caçada de sacrifício, mas era a primeira em que estava sentindo o peso da
derrota. Nunca havia poupado uma alma sequer e agora era obrigado a farejar com
mais força se quisesse, pelo menos matar uns dois antes do raiar do dia. Dos
sete geradores espalhados pelo mapa, restavam três. Eles só sabiam da
existência de mais dois, nunca exploraram o canto sul com mais calma, talvez
pela falta de portões de saída daquele lado, talvez pelo medo intenso de não
conseguir voltar...
O cheiro de
sangue fresco no rastro da garota mais nova atiçava ainda mais o monstro. Ele
queria estripá-la, fazê-la sofrer pela audácia de escapar pela segunda vez. Ela
estava começando a entender o jogo dos espelhos e estava usando isso para
atraí-lo para o mais longe possível do gerador que ficava na cabana. Quando os
sussurros da Entidade indicaram mais um reflexo no espelho, a criatura se
deslocou rapidamente na escuridão do mundo espelhado e avançou no infeliz que
ousou provocá-lo.
Era o
gorducho. Tremendo no canto da sala, tentando saltar uma barricada. A criatura
conseguia ouvir o coração dele batendo descontroladamente. Ele não ia conseguir
a tempo...
***
Um alarme
sonoro de longo alcance permitiu que todos aguçassem seus sentidos. Kelly,
imediatamente observou que as luzes do painel do portão mais próximo se
acenderam. Robert tinha conseguido consertar o último gerador. Enquanto corria,
ela percebeu um estranho emaranhado de ossos, gravetos e caveiras humanas
iluminado por velas. Ela não tinha mais tempo para descobrir o que era aquilo.
Provavelmente parte do ritual insano que acontecia naquele lugar.
Ela se
aproximou dos portões. Seu coração batendo mais do que nunca. A energização
parecia acontecer de forma muito lenta. De repente, do meio de altos arbustos
espinhosos Laquanda surgiu mancando, a perna dilacerada deixando um rastro.
- Kelly!
Kelly! Ele pegou o Roger - aquela coisa - , pegou o Roger e levou para
um buraco!
Kelly sentiu a
adrenalina em cada parte do seu corpo. Não podiam deixar Roger nas garras no
monstro. Talvez nem vivo estivesse mais, mas precisavam ter certeza. Antes de
ir, ela ajudou Laquanda a fazer um torniquete. O sangramento tinha parado,
finalmente. Laquanda contudo, não esperou para descansar mais, correu gritando
loucamente sem rumo. Foi quando Kelly percebeu que o monstro estava vindo,
decidido, na direção dela.
***
Robert
encontrou um portão energizado depois de ter se esgueirado para fora da cabana
e rumado para o lado norte. Por um segundo, seu coração bateu muito rápido e
ele sentiu um zumbido estranho. A criatura tinha passado por ali, certamente.
Sem mais delongas, ele puxou a alavanca e esperou. A qualquer momento a porta abriria.
***
Laquanda
estava atrás de uns caixotes, observando a destreza de Kelly. Ela não estava
ferida e caso a criatura chegasse a feri-la, pelo menos ela tinha mais chance.
Laquanda, por sua vez, com aquele torniquete podre, mancando, ela seria um alvo
fácil para a criatura.
Subitamente, e
fazendo Laquanda pular de susto, um outro aviso sonoro ecoou por todo o lugar.
Apavorada, ela seguiu correndo no momento em que viu a criatura descer um golpe
cheio de cacos de vidro na cabeça de Kelly. Tudo estava perdido.
***
Como previsto
pelo Atormentador, as presas não tinham ideia da oferenda que tinha sido feita
para que a Entidade lhe abençoasse com mais força. Ele mesmo a fez com os ossos
das vítimas anteriores. Era provável que apenas um deles tenha escapado. O
gordo estava pendurado no ponto mais profundo do local, o covil. A outra moça,
a desesperada, era se arrastando, pronta para morrer a qualquer momento. E a
corredora atrevida finalmente iria receber o que merecia. Ele a carregou nas
costas aproveitando que ela não conseguia se debater com força por causa dos
pedaços de vidro lhe perfurando a carne a cada tentativa. Ninguém iria
ajudá-la. Até que foi uma boa caçada, mais empolgante dos que as outras. Quando
ela observou o ganho ensanguentado erguido próximo de uma árvore, o
Atormentador sentiu a agonia crescer violentamente. Nada poderia ser feito. Ele
içou o corpo magro dela no ar e mirou. Foi rápido, fácil e profundo. O grito
atravessou a arena da morte e a criatura sentiu que alguém estava próximo demais
de seu covil...
***
Robert não
aguentava mais esperar. A salvação estava ali diante dele e tudo o que ele
conseguia escutar eram gritos de tormento e dor. Nem sinal de Roger, Laquanda
ou Kelly. Ele tinha quase certeza que o último grito foi de Kelly, muito
próximo de onde supostamente estaria o segundo portão.
A coração
disparou. Não dava mais para esperar.
Robert deixou
a saída para trás e adentrou na névoa, correndo na direção do segundo portão. A
qualquer momento ele poderia dar de cara com o monstro, mas jamais ele deixaria
com companheiros para trás.
Foi então que
ele viu. Como um enorme pernil bovino pendurado em um ganho de abatedouro,
estava Kelly quase desfalecida. O sangue empoçando no chão.
- Meu Deus!
Kelly, eu vou te tirar daí aguenta firme.
Ela apenas
piscou os olhos, enfraquecida, tentando focar no ambiente, rezando para que a
criatura não estivesse a usando de isca.
***
Roger estava
praticamente morto, lutando para se manter acordado e sentindo que sua visão
estava ficando escurecida com formas em formas de garras ameaçando agarrar deu
corpo pendurado. Ele estava em uma espécie de quarto subterrâneo de tortura
lavado de sangue seco e com ganchos por todos os lugares. Não dava mais para
esperar. Ele sabia que não iria escapar vivo, então decidiu juntar o que lhe
restava de força, agarrou a corrente do gancho e tentou se projetar para cima,
retirando o ganho do corpo, mas ele era pesado demais e suas mãos
ensanguentadas escorregaram. A dor foi tão intensa que ele nem percebeu que
seus pés tocaram algo sólido, mas não era o chão.
Laquanda usou
suas costas para impulsionar Roger, que recobrou o fôlego, o corpo em choque, e
fez a maior força de sua vida para escapar do gancho.
O coração de
ambos estava disparado. Roger tombou no chão cheio de adrenalina. Não dava mais
para ficar ali. Tinha apenas uma saída: uma escada em espiral que levava ao
terreno na superfície. Um zumbido estranho os alertou. A criatura estava perto.
Perto demais...
***
Robert abriu o segundo portão de
saída enquanto Kelly descansava próximo. Talvez Roger e Laquanda tivessem
escapado pela outra saída. Ele não tinha certeza.
- Eu abri o outro portão.
Laquanda e Roger podem ter...
- Não, Laquanda está ferida e
Roger foi pego pela criatura. Ele me disse que viu isso acontecer. Precisamos
sair daqui logo, Robert, ou TODOS nós morremos antes do nascer do dia.
Robert baixou a cabeça. Mais uma
vez a sua humanidade posta à prova. Ele inspirou fundo.
- Eu estava pronto para sair,
Kelly. Mas voltei por você. Você acharia melhor se eu tivesse pensado do seu
jeito?
Foi a vez de Kelly baixar a
cabeça.
- É, foi o que eu imaginei. Fique
encostada aqui. Eu vou voltar com os outros. Se eu não voltar até o raiar, vá.
Corra. O mais rápido que conseguir. Está me ouvindo?
Ela assentiu e ele disparou
novamente no meio da névoa.
***
Laquanda entrou
em um nos armários próximos no instante em que a criatura desceu as escadas.
Roger estava escondido atrás de uma da parede de madeira que serviam de
sustento. A qualquer momento a criatura iria passar pelo armário e vasculhar o
local, encontrando Roger desprevenido.
O monstro
parecia saber que tinha gente por ali. Ele estava parado, sem fazer barulho,
apurando um deslize.
Ele andou mais
um pouco. Parecia que deslizava, pois som algum era emitido. Dava para sentir o
odor pútrido que ele exalava. O corpo esquelético, retorcido e os membros
enormes como tentáculos com garras. Ele possuía duas fendas no lugar do nariz e
farejava de forma horrenda.
Laquanda
estava juntando forças e coragem para abrir o armário e sair correndo escada
acima. Dessa forma Roger pode ser salvo daquele lugar infernal. A criatura
viria atrás dela com toda a ferocidade, mas não havia mais nada o que pudesse
ser feito.
Ela tomou
fôlego, encostou a palma da mão na porta do armário. Estava pronta. A criatura
já estava perto demais de Roger. Talvez já devesse ter sentido o cheiro do
sangue fresco.
- Roger?
A voz de
Robert desceu pelas escadas. A criatura se empertigou. Silenciosamente ela se deslocou
para a entrada. Laquanda conseguia ver Roger se esgueirando por trás do monstro
e a sombra de Robert descendo para a morte...
Foi tudo muito
rápido. A criatura avançou loucamente passando pela armaria onde Laquanda
estava escondida. Roger tinha a intenção de pular na criatura para salvar
Robert e Robert apenas gritou de terror, incapaz de se mover.
A porta do
armário bateu com tudo na cara do monstro quando ele atacou. A criatura urrou
de ódio e dor. Roger cambaleou por cima dela e Laquanda apenas correu escada
acima, com os amigos em seu encalço.
***
- Meu Santo
Deus! O que era aquela coisa?!
Robert estava
guiando todos enquanto corria exaustivamente em direção ao portão. Ele sabia
muito bem onde estavam. Ao olhar para trás, ele viu que Laquanda conseguia
correr, mas dava uma ou duas mancadas de vez em quando. Roger, no entanto, era
pouco atlético e olhava constantemente para trás, a mão no peito, arfando em um
misto de horror e cansaço.
Robert sabia
que o momento alcançaria um dos dois a qualquer momento. Ele ganhava velocidade
e mirava nas costas de Roger.
O golpe veio.
Roger se desequilibrou. Estava perdido.
Laquanda
tentou parar, mas a criatura não quis pegar Roger. Ela continuou a caçada.
Robert apontou
para os portões de saída. Menos de vinte metros eles estariam salvos.
O monstro
assassino estava quase os alcançando quando Robert atravessou os portões, sem
conseguir mais olhar para trás.
A névoa densa
o engoliu.
***
Roger jazia no
chão, acabado. A barriga pesava enquanto ele se arrastava para longe da terra e
do mato seco. Havia uns caixotes empilhados por perto. Talvez se ele se
escondesse atrás dele a criatura não o veria.
Enquanto se
arrastava, ele sentia o resto de sangue que lhe estava sair pelas feridas provocadas
pelas garras profundas do monstro. Triste fim. E pensar que na noite anterior
ele tinha ido para uma festa pela primeira vez e beijado uma garota. Ele não
entendeu como tudo aquilo estava acontecendo com ele. Atrás dos entulhos tinha
uma pilha de madeiras velhas e pallets em pedaços, ele deitou por ali e sentiu
o coração bater mais rápido. Ele sabia o que aquilo significava.
***
Kelly não
aguentava mais. Apesar do sermão de Robert, ela não conseguia mais se manter
acordada. Estava cansada, com fome, machucada e apavorada. Olhou para trás,
mais uma vez e tudo o que ouvia era o silêncio. Atravessou a saída. A névoa
espessa a engoliu.
***
Três
saíram. TRÊS!
O Atormentador
abriu bem as fendas no rosto retorcido e começou a procurar. Ele tinha deixado
o corpo ali, pronto para o abate. Aquele não seria sacrificado como deveria
ser, aquele seria morto de forma especial.
A criatura
gritou de raiva. Seu rugido pode ser ouvido pelos quatros cantos. Era o jeito
apavorar as presas. Ele procurou pelas redondezas, ele jamais escaparia, pois
assim que a criatura o visse, agarraria com força e o mataria com as próprias
mãos.
O rastro de
sangue o denunciou.
O monstro
chegou até mesmo a sentir fome. Comeria ele vivo, talvez?
Em uma pilha
de caixotes, era onde o rastro terminava.
A criatura foi
se aproximando, aproximando...
O corpo estava
lá, entrando por um buraco escuro no chão. A escotilha!
A criatura
avançou com todo ódio, força e ferocidade, mas a presa deslizou completamente
para dentro.
A respiração
ruidosa do monstro passou de raiva para medo. Sem o sacrifício necessário, a
Entidade iria atrás dele, o obrigando a caçar vítimas naquele mundo de
sofrimento por toda a eternidade. Talvez a Entidade tenha decidido ajudar aqueles quatro, punindo o assassino por sua soberba infernal. Talvez tenha apenas sido sorte.
A criatura jamais saberia, pois os primeiros
raios de sol rompiam a aurora.
Tudo estava acabado.
O Atormentador